REPORTAGEM SUPER ESPECIAL: LAR SÃO CAMILO DE LELLIS 30 ANOS: UMA LUTA, UMA LINDA HISTÓRIA!

   Voltemos ao passado, um passado não muito distante (1952). Aos nove anos de idade, a menina Cacilda Pereira, dotada de uma grande paixão pelos idosos, gozava de uma grande amizade e prestígio com seu avô, Manoel Basílio, por quem tinha admiração e respeito. Certo dia, ouviu deste ente querido uma frase que marcou sua vida: “A gente que trabalha no campo quando fica velho morre de fome, pois não existe aposentadoria, nem auxílio ao idoso”- Esse senhor, obviamente, queixava-se do sistema de Previdência Social do Brasil. Aquela frase, dura e cruel, para ser ouvida por uma menina de apenas nove anos, marcou profundamente a vida de Cacilda Pereira. Depois deste episódio, ela dizia para si mesma que, “ao crescer” construiria uma enorme casa para abrigar todos os idosos, e nenhum morreria de fome!
  Cacilda Pereira cresceu determinada em cumprir seu desejo, e se sentiu motivada em realizá-lo ao ver seu marido, Afrânio Pereira, ser eleito prefeito de São Tome, em 1982, mais precisamente em 15 de novembro. Naquele ano, o Brasil passou por eleições gerais e, neste sentido, uma grande porta se abriu para “Cacilda” e ela sabia que não podia perder a oportunidade. Enfim, como primeira dama, a luta era iniciada... 
  Depois de um esforço enorme, contando com ajuda de vários voluntários, o LAR SÃO CAMILO DE LELIS era fundado no mês de julho de 1984. O prédio, para seu funcionamento, foi uma doação de Dona Aurina Galvão Pereira (mãe de Afrânio Pereira). O ex-deputado e ex-governador, Iberê Ferreira de Souza, teve uma participação decisiva, junto com Lurdinha Guerra, na elaboração de toda documentação e seu trâmite para aprovação junto ao órgão competente do governo federal, onde firmaou convênio com o abrigo, pois, ressaltou Cacilda Pereira, não é fácil conseguir, na capital federal, recursos para um abrigo (segundo Cacilda, o valor do convênio é de R$ 1.641,05, pouco mais de hum mil e seiscentos reais. Mas ela informou que, infelizmente, há 4 meses o repasse não é realizado). A prefeitura também faz um importante repasse, firmado através de projeto aprovado pela câmara e sancionado pelo prefeito. Esses dois convênios somados ajudam a garantir o funcionamento do São Camilo de Lelis na atualidade. Mas, voltemos ao passado, quando tudo iniciou. Depois de alguns anos de funcionamento – “esclareceu sua idealizadora” - o prédio, naturalmente, tornou-se pequeno para a demanda do município e Cacilda, mais uma vez, entrou em ação liderando uma grande campanha para ampliá-lo. Essa campanha, ainda na década de 80, intitulada “Doe um Quilo de Algodão”, contou com um grande engajamento popular e angariou recursos suficientes para o seu propósito. Nesta época, “felizmente”, São Tomé ainda vivia os anos áureos do algodão que, “beneficiado pela nossa usina”, gerava emprego aos munícipes e garantia ao município a condição de líder econômico dentro da região. A doação do quilo de algodão foi crucial, pois garantiu a compra de uma casa vizinha e a ampliação pôde ser realizada garantindo a acomodação para mais 15 idosos.
  Hoje, O LAR SÃO CAMILO DE LELIS alberga, cuida e alimenta 30 internos, além dos externos (em torno de 15). O Lar ainda conta com um percentual de 50% das aposentadorias desses idosos, e essa arrecadação é preciosamente necessária para efetuar o pagamento dos funcionários, em número de 16. A casa ainda é pequena para a demanda existente na atualidade, pois a fila de espera gira em torno de 25 idosos. Um ponto positivo, “que enche de orgulho sua idealizadora”, é o fato de gozar de excelente conceito junto à população, principalmente aos idosos que são carinhosamente cuidados naquela casa. Ao ser procurada pelo blog, Cacilda Pereira explicou as atividades da casa e fez rasgados elogios a todos os funcionários, parabenizando-os pelo empenho, pois é extremamente importante a compreensão, interação e harmonia do corpo funcional que ali trabalha para garantir um ambiente tranqüilo e conseqüentemente propício aos albergados. Ela ainda destacou a dedicação do administrador, Jair Gonçalves, que é seu preposto nos períodos em que está ausente.
  As doações de abnegados, como os “Motas de São Paulo do Potengi”, que fornecem toda a água mineral ali consumida, o material de limpeza por Sérgio e Rosângela que gentilmente fazem isso há 14 anos, Hugo, neto de Dona Naíde, que vem fazendo doações, exponencialmente crescentes, quando chega as festas Natalinas, o nosso amigo Carioca, que inúmeras vezes doou cadeiras de rodas e camas hospitalares, Dr. Nilson Roberto Cavalcanti, ex-juiz da comarca de São Tomé, que sempre envia ajudas voluntárias, e até lembrou do ex-vereador Ivan Fonseca que era um frequentador daquela casa e sempre contribuía com o Lar. Outra boa contribuição vem do poder judiciário, pois, as penas impostas por sentenças dos juízes da nossa comarca, são convertidas, algumas vezes, em pagamentos de cestas básicas e outras contribuições para o Lar. Essas ajudas têm representado subsídio importante para manter vivo o Lar São Camilo de Lelis. Ela ainda fez menção ao Padre Pierre, lembrando que há 26 anos ele celebrava uma missa no último sábado de cada mês para os idosos do Lar, nutrindo-os de esperança e alegria. 
  Cacilda Pereira ainda informou que no primeiro semestre deste ano, foi eleita uma nova diretoria, onde o vereador, Jean Makson, integrou-se nesta luta e hoje é o vice-presidente. A parlamentar Teresa Cristina da Silva também faz parte da diretoria, como membro do conselho fiscal. O corpo diretor é composto por 12 membros e tem Cacilda Pereira como presidente. 












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